“Todo homem que ora, ou profetiza tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça. Toda mulher, porém que ora, ou profetiza, com a cabeça sem o véu, desonra a sua própria cabeça, porque é com se a tivesse rapada. Portanto, se a mulher não usa o véu nesse caso que rape o cabelo. Mas se lhe é vergonhoso o tosquiar-se, ou rapar-se, cumpre-lhe usar véu” (1ª Co 11.2-6).
Uma das
regras da hermenêutica para se fazer uma interpretação bíblica correta é
estudar o contexto histórico, o período, a cultura e os costumes de quem
escreveu, etc. Porém, quem não teve esse privilegio não sabe definir como foi
escrita, ou por que foi escrita, a quem foi endereçada e comete o erro
grosseiro de defender o uso do véu e o cabelo comprido para as mulheres como
doutrina bíblica.
Algumas
igrejas estão mais para o Islamismo, cheia de leis e morte, bem diferente da
Igreja de Jesus Cristo, livre e operante. Por isso vamos estudar este tema
analisando o sentido do véu e o cabelo para mulheres.
A Carta do
apóstolo Paulo foi primeiramente endereçada aos irmãos da cidade de Corinto, na
Grécia. Corinto é até hoje uma cidade portuária muito importante, pois recebe
embarcações de todas as nações através do Mar Mediterrâneo. Corinto foi uma
autêntica metrópole, abrigando gente de todas as culturas antigas. A cidade
oferecia aos viajantes, mais divertimento e opções culturais que outros portos.
Lá ficava o único anfiteatro (uma construção romana) da Grécia com capacidade
para mais de 20.000 pessoas. Naqueles dias, havia um culto a uma deusa chamada
Afrodite, que era tida como a deusa da fertilidade. E nesses cultos havia a
presença de prostitutas culturais, que tinham relações sexuais durante a
cerimônia. A maioria delas tinha a cabeça raspada. O seu templo abrigava mais
de 1000 prostitutas. A cidade tornou-se símbolo da promiscuidade e decadência
moral. Este culto passou ser uma tradição da cidade e infelizmente existe até
hoje na Grécia.
Por volta do
ano 50 Paulo morou nesta cidade por um período de 18 meses (At 18.11), onde
ensinou o evangelho, e mesmo debaixo de perseguição deixou ali uma igreja
implantada. Depois que partiu, Paulo escreveu uma carta, hoje perdida (1ª Co
5.9). Talvez em resposta a essa carta, os crentes lhe redigiram algumas
perguntas inquietantes. A contestação de Paulo sobre os problemas de divisão
(1.11), a imoralidade entre os irmãos (cap. 5; 6.9-20) e as perguntas
concernentes a casamento, alimentos, adoração, ressurreição e dons provocaram a
composição de primeira Coríntios.
A cultura
judaica era diferente dos costumes de Coríntios. As mulheres gregas vestiam-se
de modo diferente das judias. Os judeus jamais comeriam uma comida vendida em
mercado, principalmente sacrificada a ídolos. Um judeu de modo algum permitiria
que as mulheres falassem nas sinagogas, mas na cultura helênica, contanto que
cobrisse a cabeça, as mulheres receberiam permissão para orar, pregar
(profetizar) e exercer alguns ministérios. A cultura hebraica se chocava com a
cultura de Coríntios.
“Todo o
homem”. Naqueles dias os homens jamais cobriam a cabeça para orar a Deus;
somente as mulheres. Séculos depois, esse costume judaico mudou. Quando um
homem entrava na sinagoga recebia o talith, um xale de quatro pontas para ser
posto sobre sua cabeça. Os romanos, antes do aparecimento do talith judaico, já
costumavam
entrar em seus templos com a cabeça coberta. Os gregos, todavia,
tradicionalmente oravam e adoravam com a cabeça descoberta. Traduzindo essa
argumentação grega, Paulo argumenta que o homem deve orar assim porque ele é a
imagem de Deus na terra e esta imagem não pode ser encapuzada.
“Portanto, se
a mulher não usa véu, nesse caso, que rape o cabelo. Mas, se lhe é vergonhoso o
tosquiar-se ou rapar-se, cumpre-lhe usar véu” (v. 6).
O contexto
deste capítulo é uma questão de cultura e não de doutrina. Paulo faz uma
analogia para mostrar que uma mulher sem o véu simboliza, na cultura judaica, o
mesmo que a mulher com a cabeça rapada simboliza na sociedade grega. Prostituta
ou infiel. O motivo maior que levou Paulo a escrever este assunto para a igreja
de Corinto, foi para proteger as irmãs que tinham cabelos curtos de serem
confundidas com as prostitutas culturais. Isto porque, da mesma forma que uma
mulher sem véu era considerada prostituta pelos judeus, uma mulher com a cabeça
rapada era tida como meretriz pelos gregos. Só não faziam uso do véu aquelas
que se encontrasse em período de luto ou as que fossem esposas infiéis. Desta
última, o véu lhes era tirado e o cabelo lhes era rapado, afim de que exibissem
o seu opróbrio (vergonha). É este o único motivo de Paulo pedir que as irmãs
usassem o véu. Pois não há motivo para o uso do véu se o próprio cabelo foi
dado no lugar do véu. Além disso, o apóstolo não menciona o uso do véu em
nenhuma outra igreja em que passou. Será que ele esqueceu desse mandamento? Não,
pois era somente em Corinto que havia necessidade do uso do véu para separar as
irmãs das mulheres prostitutas da cidade.
Se
analisarmos profundamente este capítulo, Paulo apenas deseja manter o costume
judaico da utilização do véu (v. 5) numa cultura que já o substituíra pelo uso
dos cabelos. Ele sugere que, por uma questão de coerência, aqueles que
quisessem manter a tradição do uso do véu hebraico deveriam também preservar o
uso do cabelo comprido presente na cultura helênica.
“De
fato eu vos louvo porque em tudo lembrais de mim, e retendes as tradições assim
como vos entreguei” (1ª Co 11.2).
As mulheres
da igreja de Coríntios viviam em meio a duas tradições distintas: “...retendes
as tradições assim como vos entreguei”. Tradição do original grego paradosis que
significa transmissão preceito, particularmente a lei tradicional dos judeus;
ordenança, tradição [dicionário Strong, P. 2339].
Paulo, por
ser judeu, propunha a manutenção do costume hebraico; logo, a questão do uso do
véu ou cabelos compridos era apenas penitente aquele contexto cultural. A
mulher usava o véu por submissão e, da mesma forma, ela deve usar o cabelo
comprido por submissão. Mas, no Japão o fato de uma mulher cortar ou não o
cabelo não contém nenhum valor ético e moral, mas andar a frente do esposo sim,
pois sua cultura ensina assim.
“Quero,
entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça
da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo” (1ª Co 11.3).
Paulo está se
referindo à “cabeça” no sentido natural. Para a mulher, cabeça descoberta
significa: Estar sem a cobertura da autoridade do homem ou de Cristo.
Portanto, o
uso do véu ou do cabelo em 1ª Coríntios não se refere à doutrina da salvação, e
sim objeto de uso e costume tradicionais na época dos gregos e palestinos.
Jesus Cristo não quer aparência e sim humildade, amor, dedicação para com seu
santo Evangelho. Cobrir a cabeça é uma prova de humildade? Eu creio que não.
Humildade é esvaziar-se si mesmo.
Seria um
absurdo imensurável, líderes, exigirem que seus membros adotem essa prática, já
que as mulheres não estão inseridas na cultura dos judeus, tampouco na da
Grécia Antiga. É impossível tomar compatíveis, hoje, os costumes da igreja do
primeiro século. Jamais conseguíramos aproximar dos usos e costumes daquela
época. A tentativa é absurda, e as interpretações dadas por aqueles que seguem
a risca estes preceitos (tradições) são desonestos ou baseados na falta de
conhecimento próprio, além disso, serão reprovados por Deus, aqueles que usam a
tradição do véu e do cabelo como meio de salvação.
“A mulher
quando ora ou profetiza deve ter a cabeça coberta com o véu” (1ª Co1.5).
O que se
entende por cobertura? Tapar, esconder, ilizar, guardar etc. As igrejas que
ensinam o uso do véu para as mulheres não obedecem ao costume judaico num todo.
As mulheres judias cobriam toda a cabeça, e não só parte do cabelo. A cabeça é
formada por toda a parte superior do corpo, então o que deveria acontecer era o
mesmo que ocorre com as mulheres islâmicas, que realmente cobrem toda a cabeça.
Da forma feita em algumas igrejas, não conseguem seguir nem mesmo o que mais
defendem.
Em certas
igrejas Cristãs as irmãs usam um véu de nylon que é totalmente transparente,
não tapa nada, nem mesmo o cabelo, quanto mais a cabeça, tornando assim inútil
e contrário ao próprio texto de 1ª Coríntios.
O apóstolo
Paulo é bem objetivo: ele manda a mulher cobrir a cabeça toda. Em nenhum lugar
nas Escrituras Sagradas, encontramos mandamento obrigando a mulher a cobrir a
cabeça. Eles negam o texto Bíblico, impondo uma “doutrina” totalmente errada a
suas fiéis.
Para as
mulheres judias cobrir a cabeça era um costume, uma tradição e uma obrigação,
como também o é entre árabes e por todos os países controlados pelo islamismo
nos dias de hoje. Lá as mulheres trazem a cabeça coberta como ato de
subordinação ao marido e aos pais. São proibidas de mostrarem seus rostos a
estranhos, podendo ficar sem a cobertura dentro de suas casas, mas quando
chegar alguém estranho são obrigadas a irem recebê-los com a cabeça coberta,
não podendo mostrar nem seus rostos. Elas realmente cobrem a cabeça. A partir
da adolescência elas já não podem falar mais com os homens, exceto os parentes
mais próximos. São impedidas de trabalhar e estudar, só saem às ruas por motivo
justificado, assim mesmo acompanhadas de um parente e cobertas da cabeça aos
pés.
Mas para que
a igreja que tem o costume de usar o véu, as mulheres não cobrem por completo,
portanto, não obedecem (1 ª Co 11.5-6). E se elas cobrissem a cabeça não seria
um verdadeiro escândalo para nós que somos latinos e não árabes?
A primeira
igreja a usar o véu transparente foi à igreja Católica no ano de 1854, pela
ordem católica das irmãs de Maria, quando feito o coronário de Maria como “mãe
de Deus”. Esse véu foi criado para fazer distinção entre as irmãs de Maria e as
demais ordens da igreja Católica. Portanto é um objeto idólatra, nada tendo a
ver com a doutrina apostólica.
O véu,
portanto, que algumas igrejas Cristãs herdaram não tem absolutamente nenhuma
ligação com as Sagradas Escrituras.
“E que,
tratando-se da mulher, é para ela uma glória? Pois o cabelo lhe foi dado em
lugar de véu” (1ª Co 11.15).
Se o cabelo
foi dado em lugar do véu, porque então se usar o véu? É porque havia na igreja
de Corinto irmãs que não tinham o cabelo longo e somente para estas havia a
necessidade do uso do véu para não serem confundidas com as prostitutas
culturais.
Para aquelas
que tinham os cabelos crescidos, não havia razão para pôr o véu sobre a cabeça.
Aqui Paulo fez diferença entre a igreja de Coríntios e as demais igrejas,
mostrando perfeitamente que o uso do véu não era doutrina e sim uso de costume,
para as outras o cabelo foi dado em lugar do véu. O tema principal deste bloco
escriturário é exatamente a posição da mulher em relação ao homem e, conseqüêntemente,
como ela deve apresentar-se diante de Deus.
O véu era
sinal de poderio do marido sobre a esposa: compare 1ª Co 11.10 com Gn 24.65.
Era assim que acontecia entre os judeus no contexto cultural do Velho
Testamento. Quando Rebeca recebeu Isaque como esposo, ao saber que era ele que
se aproximava dela, cobriu-se com o véu. Sinal de que aceitava o poderio do
marido sobre ela (Gn 24.65). Dizemos nesta passagem que esse “sinal de poderio”
não significa uma posição inferior da mulher, pois Paulo procura mostrar nos
versos 11 e 12, que a mulher e o homem são interdependentes, chegando a admitir
que, assim como a ela provém do homem, ele também provém da mulher (no sentido
de nascer de uma mulher).
O símbolo do
véu, na mulher e não no homem, era um costume judaico e de alguns povos
antigos. Paulo estava reforçando esse ensino para que a mulher cristã não
causasse escândalo aos pagãos. Nos dias de hoje, não temos este costume entre
nós. O problema é humano e não divino. Para trazer o costume judaico para a
mulher cristã de hoje, teremos que fazer a mesma coisa para os homens. Para as
mulheres tudo é pecado, mas para os homens? Antes de tudo, eles não poderiam
usar calças, nem gravata, nem bigode, porque são costumes modernos. Eles teriam
que andar de vestidos grandes e largos e, como era honroso diante de Deus,
teriam que ter barbas longas (2º Sm 10.1-5; 1ª Cr 19.1-5; Sl 133).
Pelo que se
nota, em nenhum lugar Paulo proíbe cortar um pouco do cabelo ou tê-lo mais
curto ou mais comprido. O que ele ensina é: ou tem cabelo ou rapa a cabeça por
completo. Mas, não fala de cortar um pouco do cabelo. Afinal, a cobertura
poderia ser
mais curta ou
mais comprida. Se não fosse assim, seria difícil para as mulheres africanas
serem puras, no uso do cabelo como véu, cujo cabelo é geralmente, muito curto,
e lá tanto as mulheres como os homens têm o cabelo curto.
“E que,
tratando-se da mulher, é para ela uma glória? Pois o cabelo lhe foi dado em
lugar de mantilha” (v. 15).
A palavra
“véu” no verso 6, quando trata da mulher em ato de culto diante de Deus, não é
a mesma aqui no verso 15, que algumas traduções vertem por “mantilha”. Aqui, quando
fala de cabelo comprido, não se refere ao véu para o ato de orar ou profetizar
no culto. Portanto, trata-se apenas de uma questão de “honra” ou “glória”,
contrastando com a situação do homem, para quem é desonroso ter cabelos
compridos (v. 14). Paulo cita o cabelo como exemplo e declara que o comprimento
do cabelo do homem e da mulher deve ser tal, que haja uma distinção entre eles.
O cabelo da mulher deve ser, no entanto, mais longo e o cabelo do homem curto.
Nos tempos de Paulo, o cabelo longo masculino era vergonhoso entre os homens e
repudiados pelos judeus, bem como pelo povo de Corinto no século I. Usar este
contexto e obrigar as irmãs usar véu ou proibí-las de cortar um pouco de seus
cabelos para cultuar a Deus, é tornar-se um legalista, fariseu e radical. É
forçar a Bíblia dizer o que ela não diz.
Qual seria o
tamanho de cabelo ideal para caracterizar a submissão de uma mulher? Muitas têm
os cabelos que se arrastam pelos pés, mas não têm respeito e submissão pelo seu
marido. E qual é o ensino de Paulo para as mulheres: “As mulheres, sejam
submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor” (Ef 5.22).
Os versículos
escritos pelo apóstolo Paulo à igreja de Corinto, tratando sobre os cabelos de
homens e mulheres, são largamente ensinadas por algumas igrejas para
consubstanciar (concretizar) seus ensinos que proíbe as mulheres de sequer
aparar as pontas dos cabelos. A postura de Paulo neste capítulo é tão enfática
e clara, pois ele fala da natureza do homem e da mulher. Portanto, quando ele
fala de natureza em Romanos capítulo primeiro verso 26, refere-se à mudança de
sexo (homossexualismo e lesbianismo) e não a cabelo. “Ou não ensina a
própria natureza ser desonroso para o homem usar cabelo comprido? E que, se
tratando da mulher, é para ela uma glória? Pois o cabelo foi dado em lugar do
véu (ou como o de véu)” (vvs. 14-15).
A questão dos
cabelos crescidos para as mulheres e curtos para os homens é meramente
cultural. Para que o homem e a mulher não viessem a perverter a natureza do
sexo. O princípio básico apresentado aqui é de que homens e mulheres devem
honrar a dignidade do seu próprio sexo e não tentar adotar aparência ou papel
do outro.
Finalmente,
todo o véu foi tirado do cristianismo. Quando Jesus morreu na cruz o véu que
separava o Santo dos Santos e impedia as pessoas de olharem para aquilo que
representava a presença de Deus, rasgou-se de alto a baixo, acabando com aquela
barreira. Agora a presença de Deus está aberta a todos, indistintamente. Por
outro lado, falando aos mesmos cristãos de Corinto, Paulo comenta que Moisés,
quando veio do monte Sinai, seu rosto brilhava e tiveram que cobri-lo com um
véu. Paulo fala da lei, mas quando se converte o véu é tirado.
“Mas até
hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Quando, porém,
algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é tirado. Ora, o Senhor é
Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade”. (2ª Co 3.15-18).
“Mas, todos nós, com cara descoberta, refletindo como espelho a glória do
Senhor” (2ª Co 3.7-18).
Onde está o
Espírito do Senhor, isto é, a Nova Aliança, há liberdade: a liberdade
oferecida pelo Senhor não é legalista, oprimente, que sufoca, entristece e mata
através de suas “doutrinas”. Se ele fala: “Todos nós com cara descoberta”, fala
da mulher também.
Se o diabo
não consegue fazer algumas igrejas a usarem o véu, ele ensina que a salvação é
pelo cabelo e as mulheres ficam proibidas de sequer emparelhar seus cabelos.
Com base
neste versículo, algumas igrejas que ensinam que o texto “cara descoberta”
refere-se à barba ou bigode, proibindo os homens de usá-los. Entretanto, o
contexto não fala de barba e nem de bigode, mas refere-se ao véu.
“Nós com o
rosto descoberto ou desvendado” (sem o véu), refletimos a glória de Deus.
Portanto, não há necessidade do uso do véu para as mulheres. “Quando, porém,
algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é tirado”.
Também não se
trata de barba e nem de bigode para homens como algumas seitas interpretam.
Por causa de
todo este radicalismo, há muitos descontentes com as doutrinas humanas, com
líderes, com os cultos e principalmente com a visão de que são os únicos que
serão salvos. Criou-se um fanatismo que leva o medo e terror a todos os que se
opõem aos dogmas impostos.
Todo o líder
deve ser coerente e não acrescentar nada nas Escrituras Sagradas, pois corre um
risco de se tornar uma religião farisaica.
Os membros da
igreja do véu têm medo de ir as outras igrejas, são proibidos de participar ou
mesmo assistir cultos em qualquer outra igreja. E se infringir essa regra, são ameaçados
de ir para o banco dos pecadores, onde serão envergonhados e desprezados.
Hoje, a
mulher deve portar-se decentemente, dentro dos melhores padrões da nossa
cultura. O sinal do poderio do homem sobre a mulher não está nos cabelos, mas
no coração e na sua vida de respeito. E não há mais véu de separação entre nós
e a presença de Deus. Portanto, temos que nos aproximar de Deus com “rosto
descoberto” (sem o véu), vida limpa e pura diante de Deus, tanto homens como
mulheres. Ensinar as mulheres hodiernas a se vestirem nos tempo de Paulo, ou de
cinquenta anos atrás, é falta de cultura, e o mais ridículo é ensinar que faz
parte da salvação.
Infelizmente
as irmãs indefesas são as que mais sofrem. Em muitas igrejas elas andam como
trogloditas, cabeludas e desajeitadas. Mas, para os homens é diferente andam
com seus bons ternos, cabelos pintados, perfumes importados, etc. Para muitos
as mulheres não têm valor, pois são mulheres e o lugar delas é na cozinha e
pronto. Infelizmente esses tais estão com seus corações cheio de cobiça,
avareza, orgulho e o poder.
Precisamos
defender a dignidade da mulher e ensinar que elas têm muito valor para o Senhor
e para Sua obra. O que seria da igreja se não existisse as mulheres de oração?
Nas igrejas
quem mais sofre são as mulheres, porque as lideranças evangélicas são
masculinas e a maiorias das proibições visa as mulheres. Revoltadas, mas sem
poder para contestar, elas sofrem humilhações públicas. Nos púlpitos, os
pregadores vociferam acusando-as de vaidosas e de Jezabel. Em muitas ocasiões
esses pastores, trajando um terno caríssimo e ostentando uma bela gravata de
seda importada (quase sempre presa por um grampo de ouro), exigem simplicidade
no trajar das mulheres. As pobres irmãs, enojadas com tanta hipocrisia, anseiam
por liberdade espiritual. Se Jesus entrasse hoje em uma dessas igrejas, iria
chamá-los de hipócritas, raça de víboras e assassinos.
Tanto o homem
como a mulher deve estar dentro da vontade de Deus, vestindo decentemente, com modéstia, com aparência e devida conduta. Vestir-se de modo correto e descente
é um princípio bíblico de validez permanente.
O verso 13
também deve ser analisado: “Julgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher ore
a Deus sem trazer o véu”.
Quem era para
julgar? Eram somente os irmãos de Coríntios, pois a eles foi endereçada a
carta, e nas outras não havia o problema que existia em Corinto.
O véu que
certas mulheres usam, ou a proibição de emparelhar os cabelos por algumas
igrejas, é meramente um fardo colocado pela liderança destas igrejas e que não
traz nenhum benefício ou edificação em Deus, senão confusão e discórdia (1ª Tm
6.3-5). O ponto mais perigoso de tudo isso, são certos “líderes espirituais”
que estão colocando a salvação das mulheres pelo uso do véu ou pelos cabelos a
ponto de proibirem as mulheres de sequer emparelhar, pintar ou cuidar de seu
cabelo e até mesmo proíbem as mulheres de fazerem depilação dizendo que estão
mudando a natureza que Deus deixou.
Um ministro
que usa este tipo de ensino cai no mesmo erro dos judaizantes que defendiam a
circuncisão, mas deixavam de lado o mais importante: manifestar a glória de
Deus e testemunhar do amor de Deus (Jo 3.16). Por esta razão o apóstolo Paulo
nos escreve ainda dizendo:
“ainda que eu
distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que entregue o meu
próprio corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me seria
aproveitará” (1ª Co 13.3).
Só o amor é o
fundamental da perfeição. È uma negação que estas seitas se firmem em dogmas,
tradições ou formalismos, como doutrina. Podemos alcançar a salvação por meio
da nossa fé, pela graça de Jesus Cristo, servindo-o de todo o coração com sã
consciência. Devemos ser fiéis a Ele por convicção e amor, não servindo de
manequins, desfilando nas igrejas. Seria hipocrisia, não levando em conta o
mais importante que é a nossa fé que salva e nos dá vitória sobre todas as
coisas do mundo.
Será que Deus
está contente com o jugo que colocam sobre as mulheres de usar o véu ou sequer
emparelhar o cabelo? Eu creio que não. O verdadeiro ministro deve ensinar sua
igreja dentro do bom senso sem comprometer a salvação pela graça para não
caírem no pecado dos fariseus (Mt 15.1-3).
“Contudo se
alguém quer ser contencioso, saiba que nós não temos tal costume, nem as
igrejas de Deus” (v. 16).
O problema é
que certos irmãos usam textos que se referem a usos e costumes, que
dominamos Didaquê, e os aplicam como se fossem doutrinas importantes como
a salvação, a ressurreição, perdão etc, que a chamamos de Kerigmatica.
Aqueles que
querem ser contenciosos, que gostam de criar problemas usando regras e leis no
tocante a usos e costumes, usando como doutrina, Paulo é explícito: “não temos
tal costume, nem as igrejas de Deus”.
Devemos tomar
uma posição digna para defender o evangelho de Cristo e dizer o que Paulo falou
para Timóteo: “E repele as questões insensatas e absurdas, pois sabes que só
engendram confusão” (2ª Tm 2.23).
Será que eu
preciso dizer mais alguma coisa? O uso do véu era um problema localizado
somente em Corinto. Nem Jesus e nem outro apóstolo abordou este
assunto, por quê? Porque era uso e costume e não havia este problema entre o
povo judeu, senão apenas na igreja em Corinto.
Quando Paulo
emprega a expressão: “por causa dos anjos” em 1ª Co 11.10, ele está querendo
dizer: se a mulher tem poderio do marido e não demonstra pelo símbolo do véu ou
do cabelo no culto, ela está mentindo diante da congregação, e os anjos estão
vendo isto e eles não gostam de mentira (Ec 5.6).
Ainda mais,
certos ensinos de Paulo eram muito particulares e não constituíam mandamento do
Senhor. Em 1ª Co 7.6, ele ensina algo por permissão e não por mandamento; em
7.12, ele declara: “Digo eu, não o Senhor”, em 7.25, ele diz: não tenho
mandamento do Senhor, ele dá o seu “parecer”, em 1ª Tm 2.12, ele diz: “não
permito, porém, que a mulher ensine...”. Eram ensinamentos pessoais de Paulo,
naturalmente baseados em situações meramente culturais, e não constituíam
ensinamentos permanentes para o povo de Deus. Usar o parecer de Paulo como
doutrina em nossa cultura atual estaríamos caindo da graça e seremos taxados de
radicais.
Mas, para
alguns o cabelo comprido da mulher é sinal de santidade. Fazem de um costume
uma doutrina. Sim é claro que é doutrina, mas doutrina de homens e não de Deus
(Mt 15.8-9).
Certa vez uma
mãe dirigiu-se ao gabinete pastoral da igreja para confessar o pecado de
prostituição que sua filha cometera e após relata o assunto ao pastor ela
disse: “Pastor, eu ainda fico feliz com minha filha pelo menos ela não cortou o
cabelo”. E o pobre “pastor” em vez de ensinar a verdade para a irmãzinha fez o
mesmo relato para igreja no culto.
Como se o
pecado de prostituição não fosse tão grave como emparelhar os cabelos. Isto é
uma hipocrisia, uma falsa religiosidade, colocar o cabelo acima da lei moral.
A
prostituição é um ato imoral e reprovável por Deus, pois ficarão de fora do
reino de Deus (Gl 5.19-21). A Bíblia não diz que as irmãs que cortam o cabelo
ficarão fora do reino de Deus, mas diz que, aqueles que acrescentam ou tiram
algo das Escrituras, receberão sua recompensa (Ap 22.18-19).
A Bíblia é a
Palavra de Deus, e não deve ser menosprezada, retalhada ou profanada nas mãos
dos homens. Deus está insatisfeito com este tipo de líder que sobe no púlpito
para pregar cabelo de mulher como meio de salvação. Mas, onde está a falha
deste tipo de líder? A falha está na falta de preparação ministerial, esta, de
forma substancial estendida a uma grande parte de obreiros.
Deus não nos
avalia pela roupa que usamos, mas pelos atributos morais divinos. Se nossas
vestes foram lavadas no precioso sangue de Jesus e se nossas obras foram
aprovadas por Ele, não precisamos de dogmas e preceitos humanos para chegar até
Ele.
Você acha que
Deus está contente com estes santarrões assassinos que levam centenas de almas
para o mundo pensando que estão agradando a Deus? De modo nenhum!
Gostaria de
todo o meu coração que certos líderes acordassem para a Verdade do Evangelho em
sua totalidade e alcançassem o fundamento da graça e da fé. É justo dizer que
há entre
eles muitos
fiéis a Cristo, precisamos de alimento na Palavra, e beber do Manancial de
Águas Vivas.
Sempre que se
faz uma abordagem radical da Bíblia gera-se erro doutrinário. Uma falha desse
tipo deve ser combatida porque é doutrina de homens (Mt 15.7-9).
É verdade que
errar na compreensão dos textos bíblicos é uma possibilidade a que todos
estamos sujeitos; porém, quem tem compromisso com a verdade não pode tolerar
inexatidão.
Todo o
cristão deve aceitar sua falibilidade, porquanto ninguém é perfeito. Nossos
processos de aprendizagem e compreensão da verdade têm sido maculados pela
queda original. Ninguém deve espantar-se porque há diversas interpretações
sobre os ensinos da Bíblia. Cada pessoa filtra o que lê através de sua cultura,
preconceitos e ensinos que lhe foram passados por outras pessoas. Não sendo
Deus autor de confusão (1ª Co 14.33), sabemos que a falha por não compreender
corretamente o texto, não é d’Ele ou da Bíblia, a falha é nossa; simplesmente
usamos nossas lentes da tradição e de nosso preconceito. Usamos os usos e costumes
como santidade. Lemos a Bíblia e interpretamos como queremos, mas não como o
autor sagrado, e o próprio Espírito Santo gostaria que lêssemos.
Quem lê a
Bíblia pode encontrar milhares de aplicações para um determinado texto, mas
deve achar apenas uma interpretação. Deus não concede a ninguém o direito de
torcer o significado da Escritura. Essa ciência de compreensão e interpretação
corretamente o texto chama-se hermenêutica. Quando se violam as regras de
hermenêutica, dependendo da gravidade da infração, geram-se erros ou heresias.
Pela falta de fidelidade à Hermenêutica, muitos textos da Bíblia são lidos e
comumente distorcidos para se moldarem à doutrina de uma denominação. Às vezes
violam-se regras básicas e, quando fica óbvio demais a ponto de não ser
possível o uso da Bíblia para autenticar doutrinas humanas, advogam-se que esta
advêm da tradição da igreja. E como é difícil tirar uma tradição ou um ensino
errado. Por quê? Porque falta humildade e respeito com a Palavra de Deus.
Porque aprendi assim e vou ficar assim. Porque os pais da igreja (denominação)
nos ensinaram assim. Porque a nossa igreja tem “doutrina” - tradição e devemos
obedecer ao líder. Esquecemos da era das trevas em que a igreja intitulou os
papas como representante de Deus.
Pr. Elias Ribas