segunda-feira, 13 de junho de 2016

Curiosidades sobre o casamento nos tempos de Jesus





A palavra hebraica/aramaica para noivado é "kiddushin", que significa "santificação", "separação", ou seja, a separação de uma mulher em particular para um homem em particular. O adultério durante o período de noivado era considerado um pecado mais sério do que depois do casamento.
Os jovens geralmente não escolhiam com quem iam casar-se, as negociações geralmente eram feitas pelos pais (Gn 24.1-4), e durante essa negociação eram feitos os acertos sobre valor do dote (valor que o noivo iria pagar ao pai da moça – veja em Gênesis 24.52-53), que às vezes era feito também por um servo de confiança que apresentava o dote ao pai da moça.
Caso o pretendente não pudesse pagar devido à pobreza, o dote poderia ser pago na forma de prestação de serviços (Gn 2.18), ou pela eliminação de inimigos (1 Samuel 18.25).
Ter filhas mulheres era como ter dinheiro em caixa, dado o valor econômico das mulheres solteiras.
Uma vez pago o dote, implicaria na mulher pertencer agora ao marido, o casamento estava selado e o homem não abriria mão dela para nenhum outro pretendente. Os noivos então bebiam um cálice de vinho, estabelecendo o acordo entre ambas as partes. (pai e noivo).
Com o casamento selado, os noivos já eram considerados casados, porém ainda não tinham vida a dois em comum, o noivo então retorna à casa paterna, e se mantinham distantes da vida sexual até o casamento.
A assinatura do contrato demonstrava que os noivos não viam o casamento apenas como uma união sentimental e emocional, mas também como um compromisso legal e moral.


O noivado

O noivo ficava isento do serviço militar (Deuteronômio 20.7), Maria e José estavam noivos quando foi descoberto que ela estava grávida, então José resolveu fugir para não envergonhá-la, afinal, como poderiam eles explicar a gravidez de Maria? O filho que ela trazia no ventre não era dele, era obra do Espírito Santo, eles estavam noivos e não podiam ter relações sexuais ainda.
O noivado tinha uma duração de doze meses, período para preparação da casa pelo noivo e do enxoval pela noiva.
A família da noiva fazia os preparativos para os festejos de casamento.


O casamento

O dia do casamento judaico é como um Yom Kipur  (Dia do Perdão) pessoal, passado em jejum, oração, atos de boa vontade e reflexão espiritual.
A tradição diz que Deus perdoa completamente os pecados de ambos nesse dia, para que eles possam começar suas vidas de casados em estado de pureza.
Uma antiga tradição aconselha a noiva e o noivo a jejuarem no dia de seu casamento, desde o nascer do sol até o momento posterior a cerimônia, em baixo da chupá (Hupah, tenda montada especificamente para os procedimentos de passagem, a chupá deve ser aberta dos quatro lados, como na história, a tenda de Abraão era aberta dos lados, para acolher os hóspedes, a chupá sem proteção lateral representa a casa aberta aos amigos e parentes), comendo a primeira refeição juntos ao fim da cerimônia nupcial.
 (Quando a noiva e seus pais chegam à chupá devem dar sete voltas em torno do noivo, essas voltas representam os sete dias da Criação, e o compromisso dos noivos na construção de um lar de acordo com a vontade de Deus).
No dia de casamento, os noivos honram as noivas e providenciam o que elas necessitam para ficarem alegres.
Imitando o gesto de Rebeca ela cobre o rosto e os cabelos, esperando que seja merecedora das bênçãos divinas em seu casamento (Como Rebeca foi com Isaque)
O Talmude (livro que contém a lei oral, a doutrina, a moral e as tradições dos judeus) designa-lhe um lugar de honra, é necessário ter um trono para a noiva, que neste dia é chamada de rainha e o noivo de rei.
Durante a recepção nupcial, a noiva senta-se sobre o seu trono e é cumprimentada pelos convidados, enquanto parentes e amigas dançam em sua honra, e a noiva espera a chegada do noivo.


O amigo do noivo (noiva) (“O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que lhe serve e o ouve, alegra-se grandemente por causa da voz do noivo. Portanto, essa satisfação já se cumpriu em mim” – João 3.29).
O amigo do noivo (que era amigo da noiva) era aquele que fazia a noiva conhecer seu futuro marido, tudo o que ela queria saber a respeito do seu noivo, como ele estava, quando ele viria etc. O amigo da noiva era o porta voz do noivo.
Após o tempo de separação o noivo então convidava os padrinhos e o amigo da noiva, e todos saíam em cortejo, se dirigindo a casa da noiva, com tochas acesas nas mãos.
·         Saiam da casa do noivo e iam a casa dos pais da noiva, com suas melhores roupas, grinalda na cabeça, vestido como um rei (Cantares 3.11; Isaías 61.10), acompanhado de um cortejo, ao som de músicas e cânticos.
·         Eram momentos de grandes deslumbres pelas ruas, sob a luz do luar, tochas acesas e a multidão cantando pelas ruas “aí vem o noivo”. O som do alarido ia de casa em casa, anunciando a chegada do noivo.
·         O som então alcançava a casa do pai da noiva, onde ela já o estava esperando, pois já vinha se preparando para esse grande momento, estava portanto pronta e era então momento de grande festa, ela seria levada pelo noivo
·         Então a noiva pedia para avisar as suas damas de honra para vesti-las e enfeitá-la pois o noivo já estava chegando e vinha busca-la.
·         O amigo do noivo entrava na casa da noiva e a levava embora para a casa do noivo, coberta por um véu, pois para o judeu a beleza física passa e a espiritual permanece para sempre. Na casa do noivo os convidados já estão juntos e às mesas postas, no salão de festas.

As bodas

Duravam sete dias - “Ela murmurou durante o restante da semana que duraram as comemorações de núpcias (bodas). Por fim, no sétimo dia, Sansão lhe revelou o segredo, porquanto ela continuava a lamentar e chorar sobre o seu ombro. Ao ouvir a resposta, ela a revelou aos filhos do seu povo” (Juízes 14.17)

A lua de mel

Durava um ano – “Quando um homem for recém-casado, não deverá ir para a guerra, nem será requisitado para qualquer compromisso público. Ele poderá ficar em casa, de licença por um ano, livre para fazer feliz a mulher com quem se casou” (Deuteronômio 24.5).
Mulheres virgens casavam-se sempre às quarta feira e as mulheres viúvas sempre às sextas feiras.
Durante todo o período comemorativo das bodas, eram servidos alimentos e vinho, quanto maior a fartura, mas abençoado era considerado o casal.
O elemento essencial que não poderia jamais faltar era o vinho.

Nota¹: As dez virgens não são A Noiva, elas compõem o cortejo nupcial, isto é, o séquito (cortejo que acompanha uma pessoa, geralmente distinta, para servi-la ou honrá-la) da Noiva, o qual eram as responsáveis por iluminar com suas lâmpadas o caminho do Noivo para a Noiva.
Existe um grande simbolismo para os últimos dias, pois, a parte do cortejo (cristãos) que não tem o azeite (Espírito Santo) em reserva não poderá ser o condutor da Noiva (Igreja), portanto será reprovado pelo Noivo (Cristo) e não entrará na festa de casamento (Bodas do Cordeiro).


Nota²: Para a religião judaica, o homem que não é casado é considerado incompleto, pois, através do matrimônio é que o casal se une espiritualmente, formando uma só alma.
O noivo usa sobre o terno o Talit (um chale de orações dado de presente pela futura esposa), a noiva possui papel especial, é, portanto, obrigação do noivo alegrá-la e providencias o que ela deseja.
Seus cabelos e rosto devem ser cobertos pelo véu até o momento em que o futuro esposo descobre a sua face, que emana a presença divina. O véu é colocado sobre os ombros do noivo, e a noiva declara nesse momento:  “O governo está sobre os seus ombros”.
A entrega da aliança é o mais importante momento, é o vínculo eterno estabelecido entre o casal, simboliza o elo, o círculo sem fim e deve ser feita de ouro e sem nenhum trabalho ou pedra aplicada.
Finalizando, o noivo quebra um copo de vidro representando que mesmo na maior alegria, devem lembrar da destruição do Templo Sagrado em Jerusalém e, sempre devem almejar sua reconstrução.

Nota ³: Durante a celebração os convidados homens devem usar a Kipa (um tipo de chapéu) para lembrar que Deus está sempre acima de tudo e todos.
Os noivos são carregados na cadeira (trono) e os convidados fazem uma grande roda e dançam em volta deles.

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