segunda-feira, 13 de junho de 2016

Exegese de Salmos 24

TÍTULO: Um salmo de Davi.



Pelo título nada aprendemos senão sua autoria, que é interessante e nos leva a observar as maravilhosas operações do Espírito sobre a mente do doce cantor de Israel, capacitando-o a tocar a corda lamentosa no salmo 22, a despejar gentis notas de paz no salmo 23, e aqui a pronunciar tons majestosos e triunfais. Podemos fazer ou cantar todas as coisas quando o Senhor nos fortalece. Este hino sacro provavelmente foi escrito para ser cantado quando a arca da aliança foi tirada da casa de Obede-Edom, para permanecer dentro de cortinas sobre o monte de Sião. As palavras não são impróprias para a dança sagrada de alegria na qual Davi foi à frente ao caminho naquela ocasião jubilosa. O olho do salmista olhava, no entanto, além da subida típica da arca para a sublime ascensão do Rei da glória. Nós o chamaremos O CANTO DA ASCENSÃO.

DIVISÃO: O salmo forma um par com o salmo 15. Consiste de três partes.

1 - A primeira glorifica o verdadeiro Deus e canta o seu domínio universal.

2 - A segunda descreve o verdadeiro Israel, aquele que pode ter comunhão com ele.

3 - E a terceira retrata a subida do verdadeiro Redentor, que abriu as portas do céu para a entrada de seus eleitos.

Exegese:

(Versículos 1 e 2 - Este prelúdio para o salmo provavelmente foi cantado por um levita, proclamando que o Senhor, o Deus de Israel é o Criador, o Mantenedor e o Dono de tudo o que existe, por isso merece um culto reverente, como o Rei da Glória. cf. Sl 29; 33: 6-11; 89: 5-18; 93; 95: 3-5 e 104).
Versículo 1 - A poesia hebraica é caracterizada por paralelismos; este verso é um exemplo disso, a palavra ‘terra’ é sinônimo de ‘mundo’; e a frase ‘plenitude’ é sinônimo de ‘aqueles que nele habitam’. Portanto, o que este versículo nos diz é que “Toda a terra pertence ao Senhor, o Deus de Israel; não só a terra, mas todos os seus habitantes. Deus não é apenas o Deus de Israel, Ele é Deus de toda a terra, o único Soberano de toda a criação”.
Sendo Soberano, Deus tem o direito de dispor da Sua criação como lhe agrada, pode dispor da nossa vida de acordo com a Sua vontade, Deus não precisa consultar ninguém sobre o que Ele faz; e também não pode ser responsabilizado perante ninguém.
Essa é uma grande verdade que nos ajuda a valorizar o fato de que somos o povo de Deus e que tudo o que temos devemos a Ele, é uma verdade que Deus quer que os ímpios também compreendam. (Veja Êxodo 9.29).

Versículo 2 – A razão pela qual toda a terra pertence a Deus é que Ele é seu criador; ele “fundou” e “disse”. De acordo com Davi, a terra foi fundada “no mar” e “nos rios” (paralelismo).
Alguns comentaristas dizem que o que Davi quis dizer aqui, corresponde exatamente a estrutura da terra. De acordo com os geólogos, os continentes flutuam com ilhas em placas tectônicas que estão por trás dos oceanos.
Gênesis 1.9-10 indica que na criação, Deus separou a terra seca das águas, ao fazer isso Ele deu a impressão de que a terra seca foi fundada ‘nos mares’. O autor do salmo 136, menciona isso no versículo 6: “Aquele que estendeu a terra sobre as águas; porque a sua benignidade dura para sempre”. Em 2 Pedro assim está escrito: “Eles voluntariamente ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus, e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste”.

Versículo 3 – A Arca da Aliança estava sendo levada a Jerusalém, a questão agora era, quem seria capaz de escalar “a montanha do Senhor” e estar “no seu lugar santo”? Esta questão tornou-se urgente, pois, quando Davi tentou trazer a arca para Jerusalém pela primeira vez, um homem chamado Uzá morreu por ter tocado a Arca (2 Samuel 6.6-7), esse incidente destacou a santidade de Deus, e como é perigoso se aproximar indevidamente de Deus.
O lugar Santo era uma parte da tenda, onde apenas os sacerdotes podiam entrar, no entanto, deve-se considerar se a frase “lugar sagrado” refere-se aquela parte do Tabernáculo, ou se é simplesmente um sinônimo para “Monte do Senhor” (isto é: Jerusalém). Em seguida a questão que o Salmo coloca é: “Quem é capaz de entrar na presença de Deus e servi-Lo”? Essa questão seria dirigida especificamente aos sacerdotes, que eram os únicos autorizados a entrar no Lugar Santo, entretanto, seria também uma questão importante para todos os que temem a Deus e queriam se aproximar do Senhor e aprofundar comunhão com Ele.

A transferência da Arca da Aliança para Jerusalém marcou o início de uma nova etapa na adoração a Deus, finalmente a Arca estava vindo para a cidade que Deus tinha escolhido (Salmos 132.13-14) e era necessário que os sacerdotes (e o povo) tivessem um momento para refletir sobre a necessidade de estar em boas condições para presidirem a adoração ao Senhor dos Exércitos, em Seu Santuário novo e permanente.
Se aproximar de Deus exige um esforço tremendo: Deus é “alto e sublime” e habita na eternidade e seu sobrenome é Santo (Isaías 57.15), portanto não devemos pensar que seja algo fácil se aproximar Dele. Temos que fazer um esforço, como um alpinista, que luta para escalar uma montanha, e não é simplesmente uma questão de se aproximar, mas, também permanecer vivo na presença de Deus.
No Novo Testamento, a igreja tornou-se o templo de Deus, e cada cristão é um sacerdote, como tal, somos chamados a estar na presença de Deus, para lhe servir. Por isso, é importante considerar as condições que Davi mencionou nos versículos 4 – ser limpo de mãos, puro de coração, não vaidoso (fútil) e não mentiroso.

Versículo 4 – “Lavar as mãos...” – A palavra “mão” representa todo o corpo, e não deve ser entendido literalmente (Jó 17.9), o cristão é justificado pela fé, purificado pelo Sangue de Jesus, e tem responsabilidade de se purificar de todo o pecado.
Os sacerdotes que serviam no santuário tinham que ser limpos, não só moralmente, mas, também cerimonialmente, eles não podiam tocar em nada que fosse contaminado.

"... E um coração puro" – Não apenas devemos nos precaver contra atos pecaminosos, mas devemos guardar nossos corações, para sermos puros diante de Deus, o coração é a fonte da vida, e a raiz de todo o pecado. Se nós não cuidarmos da fonte, não teremos vitória sobre o pecado.
Deus é santo, e aqueles que desejam estar na presença de Deus, não só devem limpar suas vidas, mas também seus corações. A santidade da vida começa no coração. Nossas mãos devem estar limpas diante dos homens, e nosso coração deve estar limpo diante de Deus. Não podemos permitir impurezas no coração, pois, são uma afronta a santidade de Deus. Em Mateus 5: 8, o Senhor disse: "Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus.”

"Qualquer um que não entrega a sua alma à vaidade" – No Antigo Testamento, “vão”, muitas vezes refere-se a idolatria, que inclui o materialismo contemporâneo, entretenimentos. Como cristãos devemos ter cuidado com as “vaidades da vida”, não devemos gastar nosso tempo ou ser dominado por aquilo que é vão, fútil e não edificante espiritualmente.

"Nem jura enganosamente" – Essa frase fala de fazer promessas, mas sem a intenção de manter a promessa feita, ou com uma intenção diferente da exposta. Estas promessas podem ser feitas tanto para homens, quanto para o próprio Deus. Um exemplo disso foi o juramento de Esaú para Jacó quando vendeu seu direito de primogenitura em troca de um prato de comida (Gn 25.33). Esaú prometeu algo que não era sério, ele jurou enganosamente, apenas para obter a comida de seu irmão.
Estas condições são extremamente exigentes, em certo sentido, a única pessoa que pode escalar o Monte do Senhor, e estar no Lugar Santo é o Senhor Jesus Cristo. Ele fez isso há mais de dois mil anos, com o Seu próprio Sangue (Hebreus 9.24-26), porém, Ele fez isso em nosso lugar, como nosso Sumo Sacerdote e representante legal, nós podemos nos aproximar de Deus através do Senhor Jesus Cristo, no entanto, temos a responsabilidade de viver de maneira consistente com a santidade de Deus, e não abusar da Graça de Cristo.

Versículo 5 - "Ele vai receber a bênção do Senhor" – Ter uma natureza pecaminosa e viver em um mundo de pecado, não é fácil viver em santidade, entretanto, a pessoa que assim vive, recebe a bênção do Senhor. Esta bênção é principalmente o privilégio de viver em comunhão com Deus e desfrutar Sua presença – Uma presença que traz alegria e paz.
Se uma pessoa insiste em viver em pecado, não pode esperar que a bênção de Deus o alcance, pois, Deus abençoa aquele que O procura com mãos limpas, com um coração puro, que não jura falsamente, que gasta seu tempo em besteiras e futilidades, e por fim; aquele que o busca de todo o coração.

"E a justiça do Deus da salvação" – Esta é a principal bênção que Deus pode dar a um pecador – Sua justiça, o que leva à salvação, a Justiça Divina (Rm 1.17) é algo que Deus tem para nos dar; não podemos obter por nossos próprios esforços, é um presente de Deus. Então Davi diz: “... você vai receber... a justiça do Deus da Salvação.”
No entanto, embora a Justiça de Deus seja pela fé em Cristo (Romanos 2.21-22), porque é algo que queremos de todo o coração (Mateus 5.6), temos a responsabilidade de viver de acordo com esse desejo, não podemos esperar para receber “Justiça de Deus”, se não estamos dispostos a viver segundo a “Justiça de Deus”.

Versículo 6 - "Esta é a geração daqueles que o buscam..." – O verbo Eu procuro em hebraico é “darash” e significa “frequente”, portanto, uma pessoa que busque a Deus (no sentido do verbo em hebraico), é alguém caminhando em direção a Deus, que frequenta a Sua presença. Há uma promessa bonita relacionada a este verbo: “Então dali buscarás ao Senhor teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma” (Deuteronômio 4.29).
Davi foi um homem que buscou a Deus de todo o coração. No Salmo 27.8 ele escreveu: “Quando tu disseste: Buscai o meu rosto; o meu coração disse a ti: O teu rosto, Senhor, buscarei”.
Davi deseja estar na presença de Deus, “Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e inquirir no seu templo” (Salmos 27.4).

"Desde aqueles que buscam sua face, ó Deus de Jacó" – Aqui o verbo é “bagash” que significa “pesquisa” no sentido de “inquire”, é o verbo usado em Êxodo 33.7: “E aconteceu que todo aquele que buscava o Senhor saía à tenda da congregação, que estava fora do arraial” (Êxodo 33.7), pesquisar aqui significa buscar uma comunhão íntima com Deus (cf. Sl 105.4).
Usando o nome de Jacó como uma referência para o povo de Israel, Davi foi enfatizando a misericórdia de Deus. Jacó era um homem tão carnal, no entanto, Deus em Sua graça e misericórdia manifestada a ele, foi lentamente trabalhando em seu caráter. “Pesquisar e encontrar Deus exerce um enorme poder santificador em nossas vidas” (Spurgeon).
Não vá até o Monte do Senhor simplesmente por ir, como se fizesse um turismo espiritual, mas vá consciente que na presença do Senhor já plenitude de alegria, lute contra a “carne e o pecado”, faça do Senhor a Sua maior alegria.

Versículo 7 – “Levantai ó portas, as vossas cabeças” - A procissão se aproxima das portas de Jerusalém, o Rei Davi, encabeça a procissão, insta os guardas da cidade a abrir as portas de Jerusalém, para que Deus possa entrar e tomar posse da Sua morada eterna.
A procissão para e pedem (poeticamente) para os guardas da cidade abrirem as portas, antes da grandeza de Deus, os enormes portões da cidade tiveram que ser abertos de todo de modo que o Rei da Glória entrasse em Sua casa.
Este grito é um símbolo do clamor que chegou às portas do céu, quando Cristo, o Rei da Glória ascendeu à mão direita do Pai. Ele também é um símbolo do grito dos evangelistas aos pecadores, para abrir seus corações ao Rei da Glória.
Antes de Cristo dar Sua vida na cruz, as portas do Céu foram fechadas aos pecadores (assim como o caminho para a árvore da vida foi fechado, após o pecado de Adão e Eva). Quando Cristo morreu, as portas do céu se abriram, simbolizando pelo rasgar do véu do templo que separava o Santo dos Santos. Cristo entrou como nosso representante, mas, também abriu o caminho para todo aquele que aceitasse o Seu sacrifício.

"E vos levantado, portas eternas" - As portas são "eternas" porque a cidade é eterna. Ambas as portas e a própria cidade compartilham a natureza de Deus.

"E o Rei da glória" - A chegada da arc
a de Deus para Jerusalém, marcar o fim da longa jornada, que começou no Monte Sinai (Horebe), quando a glória de Deus desceu do céu e encheu o tabernáculo - encontrando-se especificamente sobre a arca de aliança (Êxodo 40: 34-38; Nm 9: 15-23).

Versículo 8 - "Quem é este Rei da glória?" – Os guardas da cidade, perguntado sobre a identidade do Rei da glória, a resposta veio de imediato: "O Senhor forte e poderoso".
Em primeiro lugar, o Rei da Glória é identificado como Senhor – o Deus de Israel, o Deus eterno. À luz do Novo Testamento, esse não é outro senão o Senhor Jesus Cristo; Ele é o Rei da Glória. Foi Cristo que acompanhou Israel durante o Êxodo, sob a figura do Anjo do Senhor.
Dois adjetivos são usados para descrever o Deus de Israel: “Forte” e “Bravo (Poderoso)”. Termos hebraicos são sinônimos e são usados em contextos militares – de soldados ou exércitos. A palavra traduzida como “Valente”, é usada na próxima linha, onde se traduz “Forte”.

"Senhor poderoso na batalha"- Há 40 anos no deserto, Deus estava diante do Seu povo, dando vitória sobre os inimigos que estavam no caminho; por exemplo, os egípcios (Êxodo 14-15), os amalequitas (Êxodo 17: 8-16), etc. Ele também lhes deu a vitória sobre os cananeus, sob a liderança de Josué. Mais recentemente, o Senhor deu a vitória sobre os filisteus - sob a liderança de Samuel (1 Samuel 7: 3-13), e sob a liderança de David (2 Sam 5: 17-25). Finalmente, Deus deu a vitória sobre os jebuseus, para tomar a cidade de Jerusalém, e defini-lo como capital do reino, e morada permanente de Deus (2 Sam 5: 6-10).
Em todas estas vitórias, o Deus de Israel foi declarado como "Senhor dos Exércitos", o "Deus da batalha '. A remoção da Arca da Aliança para a cidade de Sião marca o triunfo final de Deus sobre todos os seus inimigos.
No entanto, embora seja importante para entender esses versos à luz da história de Israel no Antigo Testamento, versículos se aplicam (profeticamente) para a luta de Cristo contra Satanás, e a derrota de toda a maldade espiritual em cruz (Cl 2: 14-15). Essa vitória permitiu Cristo para ascender à mão direita do Pai, e tomar o seu lar eterno no céu (Fp 2: 9-11).

Versículo 9 e 10 – Repetições com o propósito de produzir efeito dramático, selando a entrada da procissão para dentro da cidade de Jerusalém.













9 comentários:

  1. Excelente estudo! Que o Senhor continue te abençoando em nome de Jesus.

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  2. Lindo esse estudo profundo nós enriquece como ser humano parabéns pela dedicação a conhece a deus e nos ensinar a se interessar a aprender

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  3. Vivermos sempre para o louvor do rei da Glória, Jesus! Deus te abençoe sempre em Jesus!

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  4. Obrigada por me ajudar a entender melhor a Palavra de Deus.

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  5. Completo este estudo. Discreto e auto explicativo.

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  6. Eu procurei só 24-7-9 especificamente levantar a cabeça ,e sua repetição , não como música.eu darei o drach; levatenten a cabeça pois sua redenção está próxima lc21-28 ao ASNO RESCATARAS com um cordeiro ,mas,se o não resgatares o decapitaras ex34-20 .Em ao 6-10 a unos que chegan gritando a Deus pidiendo justicia e venganza.estao muito alterados ,se lê dão vestes brancas e se les Diz; qué esperem os que vão a chegar mortos como eles foram.AP20-4 Decapitados. Resumo; os martires da tribulação serão Decapitados ao rejeitar a oferta de livramento e salvação do cordeiro.Chegarao con días cabezas na mão sem se perder um fio de cabelo.ali está o transtorno dos que gritan venganza.

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  7. Excelente estudo muito obrigada .Parabéns Deus te abençoe e continue te usando com Graça

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  8. Excelente estudo,que Deus continue dando sabedoria pra que sempre tenham estudos desse nível.Amém👏

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  9. Muito bom Deus o abençoe em nome de Jesus. 🙌🙌🙌

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